A MENINA DO MAR
Como qualquer conto, esta narrativa é curta. Porém, ao longo dela, não há uma intriga nem acção no sentido ortodoxo, sim um devir narrativo gerado pelo movimento das próprias palavras. É mais poesia aplicada à narração. Embora se possa considerar existir na história uma sequência de quadros e acções encadeadas que poderemos identificar como princípio e meio, o mesmo não poderemos dizer do fim da história. Sendo nesta diluição das categorias narrativas uma obra moderna, há nela no entanto bastante acção e aventura, o que leva o leitor a querer lê-lo até ao fim sem parar.
Dentro da sequência linear da narrativa, existe somente um encaixe, quando a menina, ao contar a sua vida presente ao rapaz, faz uma breve referência à sua origem: “hamo-me Menina do Mar e não tenho outro nome. Não sei onde nasci. Um dia uma gaivota trouxe-me no bico para esta praia. Pôs-me numa rocha na maré vaza e o polvo, o caranguejo e o peixe tomaram conta de mim.”
A personagem principal é a Menina do Mar , que a autora escolheu para dar o nome ao conto. É uma história ( começa por “Era uma vez...), e a narração faz-se na terceira pessoa. Não há sinais sintácticos da primeira, excepto quando cada personagem assume a narração em discurso directo. Neste caso, como noutros contos infantis, Sophia de Mello Breyner opta pelo narrador omnisciente, o que lhe permite liberdade absoluta para manipular as personagens.
Sabemos que este conto nasceu, segundo as próprias palavras da autora, da necessidade e desejo de contar histórias aos seus filhos quando eram pequenos. Aproveitou a ideia principal da história de uma menina do mar, que lhe tinha sido contada por sua mãe, e foi-lhe acrescentando os pormenores e o enredo conforme as perguntas dos filhos a iam levando a criar e lhe provocavam o prazer do discurso.
Portanto, para além dos leitores visados mais tarde com a publicação do conto, os primeiros ouvintes foram os filhos, que participaram activamente na construção da história. Foi, portanto, originalmente, um conto oral, “ a mais universal de todas as formas narrativas”.***
Contrariamente ao que é habitual nos contos de fadas ou contos tradicionais para crianças, que se caracterizam por começar imediatamente pela acção, sem introduções longas nem descrições , “A Menina do Mar” começa por uma longa descrição dos espaços onde toda a história se vai desenrolar: a casa nas dunas à beira-mar, a praia, o mar e as condições climatéricas na descrição da tempestade. Mas, como os contos de fadas, começa com a fórmula “Era uma vez...” que ajuda o conto fantástico a atingir credibilidade, removendo-o de épocas e lugares familiares para o mundo do imaginário, alimentando os sonhos dos ouvintes ou leitores e distraindo-os ao ponto de se esquecerem da sua realidade quotidiana (no caso, estarem fechados em casa, com sarampo).
Como qualquer conto, esta narrativa é curta. Porém, ao longo dela, não há uma intriga nem acção no sentido ortodoxo, sim um devir narrativo gerado pelo movimento das próprias palavras. É mais poesia aplicada à narração. Embora se possa considerar existir na história uma sequência de quadros e acções encadeadas que poderemos identificar como princípio e meio, o mesmo não poderemos dizer do fim da história. Sendo nesta diluição das categorias narrativas uma obra moderna, há nela no entanto bastante acção e aventura, o que leva o leitor a querer lê-lo até ao fim sem parar.
Dentro da sequência linear da narrativa, existe somente um encaixe, quando a menina, ao contar a sua vida presente ao rapaz, faz uma breve referência à sua origem: “hamo-me Menina do Mar e não tenho outro nome. Não sei onde nasci. Um dia uma gaivota trouxe-me no bico para esta praia. Pôs-me numa rocha na maré vaza e o polvo, o caranguejo e o peixe tomaram conta de mim.”
A personagem principal é a Menina do Mar , que a autora escolheu para dar o nome ao conto. É uma história ( começa por “Era uma vez...), e a narração faz-se na terceira pessoa. Não há sinais sintácticos da primeira, excepto quando cada personagem assume a narração em discurso directo. Neste caso, como noutros contos infantis, Sophia de Mello Breyner opta pelo narrador omnisciente, o que lhe permite liberdade absoluta para manipular as personagens.
Sabemos que este conto nasceu, segundo as próprias palavras da autora, da necessidade e desejo de contar histórias aos seus filhos quando eram pequenos. Aproveitou a ideia principal da história de uma menina do mar, que lhe tinha sido contada por sua mãe, e foi-lhe acrescentando os pormenores e o enredo conforme as perguntas dos filhos a iam levando a criar e lhe provocavam o prazer do discurso.
Portanto, para além dos leitores visados mais tarde com a publicação do conto, os primeiros ouvintes foram os filhos, que participaram activamente na construção da história. Foi, portanto, originalmente, um conto oral, “ a mais universal de todas as formas narrativas”.***
Contrariamente ao que é habitual nos contos de fadas ou contos tradicionais para crianças, que se caracterizam por começar imediatamente pela acção, sem introduções longas nem descrições , “A Menina do Mar” começa por uma longa descrição dos espaços onde toda a história se vai desenrolar: a casa nas dunas à beira-mar, a praia, o mar e as condições climatéricas na descrição da tempestade. Mas, como os contos de fadas, começa com a fórmula “Era uma vez...” que ajuda o conto fantástico a atingir credibilidade, removendo-o de épocas e lugares familiares para o mundo do imaginário, alimentando os sonhos dos ouvintes ou leitores e distraindo-os ao ponto de se esquecerem da sua realidade quotidiana (no caso, estarem fechados em casa, com sarampo).
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